Com uma festa acessível, a pessoa com deficiência tem a garantia do direito de igualdade e cidadania plena. Mas não é isso o que vem acontecendo no Carnaval do Rio, dentro da Avenida, apesar das obras de remodelação do Sambódromo em 2012, e fora da Avenida, mesmo após as promessas do prefeito Eduardo Paes para acessibilidade nas ruas.

Apenas os setores pares e algumas frisas do setor 13, reservadas para pessoas com deficiência com direito a um acompanhante, são acessíveis, mas todos os setores do Sambódromo deveriam estar adaptados, como determina a Lei Municipal 273/81. Essa lei não é respeitada, e, mesmo nas áreas destinadas às pessoas com deficiência, a estrutura não é totalmente adequada. “Devemos insistir para que todo o Sambódromo seja acessível e para que todas as pessoas com deficiência possam assistir ao Carnaval de onde quiserem, com quem quiserem” afirma Teresa Amaral, Superintendente do IBDD.

Apesar das obras de remodelação da Sapucaí, concluídas em 2012, as promessas do prefeito Eduardo Paes não foram concretizadas, o que contradiz declaração no site da Prefeitura: “Em 2012, terminou a reforma para adequar o Sambódromo às exigências do maior evento esportivo do planeta – nos Jogos Paralímpicos, o local receberá as provas de tiro com arco. As novas instalações foram equipadas com banheiros adaptados, elevadores e áreas destinadas a pessoas com cadeira de rodas, obesos, cegos e com mobilidade reduzida. Se antes o acesso de pessoas com deficiências era restrito à Praça da Apoteose, agora há lugares em todos os setores”, descreve erroneamente o texto.

Fora da Apoteose, obstáculos como calçadas quebradas, sem rampa e repletas de lixo também dificultam a participação das pessoas com deficiência nos blocos de rua. “Em Copacabana, Botafogo, Ipanema, Leblon, ainda tem outro problema: as pedras portuguesas, que apesar de serem lindíssimas, vivem soltando das calçadas, gerando buracos, que mais parecem crateras lunares e vivem sendo um tormento para os deficientes físicos. No carnaval vou ficar em casa assistindo tudo do meu sofá. Prefiro a lidar com o tormento. Vida de pedestre não é fácil no Rio, ainda mais para deficientes físicos e visuais. Acessibilidade não faz parte do cotidiano, vou passar o carnaval em casa por isso” reclama o cadeirante Pablo Cabral Júnior.

“Sou contra a o Setor 13, um setor exclusivo para pessoas com deficiência. Sou contra qualquer tipo de segregação, a do Sambódromo é ainda mais ofensiva porque acontece no carnaval carioca, uma imensa festa de alegria e congraçamento” completa Teresa Amaral.

Fonte: Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência

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