Por Adriana Buzelin

Quando ouvi falar do projeto Trilhas Inclusivas que surgiu em Minas Gerais, logo pensei como seria possível uma pessoa com deficiência participar de uma trilha já que temos tão pouca acessibilidade nas ruas de muitas cidades do Brasil. Sair nas ruas ditas asfaltadas já considero um grande desafio, imagine em uma estrada de terra, pedras e matos ? Claro que fui atrás para ver como seria possível isto.

Na entrevista que fiz com Caico Gontigo, um dos idealizadores do projeto Trilhas Inclusivas, ele relata que tudo nasceu com a missão de proporcionar a melhoria da qualidade de vida de todos através do Turismo de Aventura. Que ao ver uma matéria na TV sobre uma corrida de aventura de 246 Km, com todo tipo de terreno e em algum lugar remoto do mundo, onde um grupo de bombeiros franceses levou 5 adolescentes com deficiência nessa aventura, ele se sentiu motivado e inspirado a fazer o mesmo nas trilhas da Serra do Cipó, lugar que conheço bastante e que oferece várias cachoeiras, rios, montanhas, fauna e flora exuberantes.

E são vários os roteiros oferecidos que vão, desde o trekking, caminhadas, escaladas, montanhismo, até a observação da fauna e flora e canoagem na região da Serra do Cipó, a 100 Km da capital mineira, Belo Horizonte/MG, e a 60 Km do Aeroporto Internacional de Confins.

O Trilhas Inclusivas atende a pessoas de ambos os sexos, de todas as idades, inclusive pessoas com deficiência. A participação dessas pessoas no projeto se dá através da realização dos passeios em roteiros pré-estabelecidos pela equipe do projeto, no intuito de propiciar a elas uma sensação única de estar em meio à natureza, vivenciando o turismo de aventura, o qual acreditam contribuir para melhoria da qualidade de vida de cada um que participa.

Como parte do passeio, uma parada para conhecer a beleza da Cachoeira da Caverna e ainda mergulhar em suas águasComo parte do passeio, uma parada para conhecer a beleza da Cachoeira da Caverna e ainda mergulhar em suas águas

Além disso, durante os passeios, todos os participantes têm a oportunidade de expandir seu ciclo de amizades, pois a equipe se esforça para realização de passeios com grupos, o que naturalmente já cria um ambiente de conversação e trocas.

Todos os roteiros, a forma de auxiliar, o trato com as diferenças fazem com que as pessoas com deficiência demonstrem suas necessidades ou a maneira particular de como gostariam de ser conduzidas. Profissionais de saúde e um condutor especializado durante todo o roteiro, sempre acompanham de perto as pessoas que necessitam de qualquer ajuda extra, além do apoio de um impulso maior na cadeira de rodas em terrenos mais acidentados. Também são disponibilizados lanches durante o trajeto e o transporte da sede do Trilhas Inclusivas para a trilha de aventura propriamente dita.

Caico nos conta que há esse diferencial com as pessoas e suas dificuldades. Os outros participantes da trilha não tentam moldar as dificuldades do trajeto e sim todo o processo de integração se molda de forma espontânea. O lema é: “Aqui ninguém fica de fora da diversão, alegria e adrenalina!”.

Como todo projeto de esporte e inclusão social, o Trilhas Inclusivas enfrenta alguns obstáculos. Um deles é a necessidade de translado até os locais para a prática de esportes de aventura, afinal é em local distante. “E foi no decorrer desses passeios que identificamos ser a maior dificuldade das pessoas com deficiência. Com isso criamos uma campanha de crowdfunding para a aquisição de um carro adaptado”, relata Caico.

Fonte: Revista Reação

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