O turismo acessível foi idealizado pensado inicialmente em dar condições para que pessoas com algum tipo de deficiência pudessem desfrutar das diversas atividades de turismo. Então questões de acessibilidade e inclusão começaram a ser inseridas em toda a estrutura de produtos e serviços que compõe o turismo.

O Censo 2010 do IBGE informa que existem aproximadamente 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, enquanto a Organização Mundial da Saúde, numa pesquisa mais ampliada, aponta um bilhão de pessoas nesse segmento em todo o mundo. Porém, quem procura turismo com recursos de acessibilidade não são somente pessoas com deficiência.

A Turismo Adaptado atualmente posicionada como a primeira operadora de turismo acessível do Brasil, relata que o número de idosos que procuram a empresa para viajar é crescente, e muitos precisam de cuidados especiais, às vezes relacionados à acessibilidade do local para diminuir esforços físicos, ou o auxílio de um cuidador para o banho, troca de roupa ou também no percurso dos passeios. Além disso, esse atendimento diferenciado fornecida aos clientes, acaba atraindo pessoas que realizam procedimentos de hemodiálise, que possuem hipertensão pulmonar, entre outros casos.

Pessoas com algum tipo de dificuldade, geralmente viajam acompanhados de pelo menos uma pessoa, o que significa que praticamente podemos dobrar a expectativa do número de viajantes. Isto acaba significando um grande faturamento para as empresas que investem nesse segmento. Segundo uma pesquisa realizada pela SATH (Society for Accessible Travel & Hospitality), adultos americanos com deficiência gastam em média US$ 13,6 bilhões em viagens no período de um ano, sem incluir os gastos de seus acompanhantes.

Um hotel fazenda no interior de São Paulo aplicou um projeto de acessibilidade, onde foi necessário adaptar diversas estruturas, como acomodações, restaurante e áreas de lazer, além das atividades (cavalgada, passeio de trator, tirolesa). O resultado desse investimento foi um aumento na taxa de ocupação que chegou a 92% em 2011 e mais de 1500 pessoas com deficiência que visitaram o local.

A acessibilidade e inclusão muitas vezes são pensadas, para solucionar um problema, como fornecer condições para um hóspede usuário de cadeira de rodas, ou organizar um passeio para uma pessoa com deficiência visual. Ainda há aqueles que se recusam a atender esse tipo de pessoa, na justificativa de não estarem preparados para tal situação. Incluir a acessibilidade e inclusão nos projetos de edificações, elaboração de roteiros e outros itens que compõe a cadeia do turismo, irá ampliar a capacidade de atendimento, tendo assim um maior retorno financeiro, além de se posicionar melhor diante do mercado e sociedade, afinal este tipo de atitude é vista e valorizada como uma ação social.

O conceito de Desenho Universal utilizado pela arquitetura, onde é pensado em estruturas que podem ser utilizados por todos os tipos de pessoas, também pode ser ajustado para o turismo, e pensarmos em um turismo para todos. Isso traz benefícios para o empreendedor, para seus clientes e também para a sociedade como um todo.

Mas não é somente a parte arquitetônica e os produtos de tecnologia assistiva que fazem a função de proporcionar a acessibilidade. A hospitalidade de forma inclusiva faz grande diferença na experiência de um viajante com deficiência. Em alguns casos ela se torna o fator principal, como por exemplo em Bonito/MS, um destino de natureza onde as condições para tornar acessíveis os passeios, são praticamente todas executadas por guias de turismo capacitados. Afinal na natureza não cabe colocar equipamentos como elevadores ou guinchos de transferência, então o auxílio para passar para o bote, entrar no rio para fazer a flutuação ou descer de rapel para conhecer o Abismo de Anhumas, cabem à esses profissionais

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