Apaixonado por viagens, Ricardo Shimosakai achou que seu sonho de conhecer o Brasil e o mundo havia terminado quando perdeu os movimentos das pernas ao ser baleado durante um sequestro-relâmpago, em 2001. Porém, ao invés de abandonar seu hobby preferido, ele transformou a tragédia em oportunidade e criou uma empresa para facilitar a vida daqueles que apresentam as mesmas limitações que a sua. Nascia assim a Turismo Adaptado.

“Depois de levar o tiro que me deixou paraplégico, comecei a fazer passeios em São Paulo e em outros destinos, mas encontrei muitas dificuldades, pois não havia empresas especializadas neste público”, diz o empreendedor. Diante das dificuldades, e incentivado por amigos, decidiu criar um negócio de turismo focado na acessibilidade. “Antes, as pessoas tinham de fazer tudo sozinhas. Às vezes você encontrava um hotel adaptado, ou o transporte, mas sempre havia dificuldades em uma etapa do passeio. Hoje nós montamos pacotes totalmente adaptados às necessidades dos clientes”, explica.

Assim, quando um cliente entra em contato com a Turismo Adaptado, os funcionários da empresa procuram saber das suas limitações e do destino que ele deseja conhecer. A partir disso, a agência faz um levantamento para saber se a viagem é viável e quais dificuldades o turista pode encontrar. Caso não seja possível, a empresa sugere um roteiro alternativo.

“O problema é que os pacotes das agências convencionais são congelados, e as pessoas, muitas vezes, têm limitações bastante específicas. Muitos clientes entram em contato conosco pela internet após se decepcionarem ao tentarem viajar sozinhos. Boa parte dos lugares que se dizem acessíveis acabam não sendo assim na realidade”, acrescenta.

Roteiros de sucesso
Os roteiros mais procurados no Brasil, segundo Shimosakai, são aqueles relacionados a praias e natureza, como Bonito, no Mato Grosso do Sul; Foz do Iguaçu, no Paraná; e Porto das Galinhas, em Pernambuco. “Neste último nós firmamos uma parceria com uma ONG local e criamos uma praia acessível, com mergulho adaptado, esqui aquático, entre outras atrações”, diz o empreendedor.

Além de cadeirantes, a agência também trabalha com idosos, pessoas com hipertensão pulmonar, clientes que fazem hemodiálise, entre outras limitações, como deficiência visual e auditiva. Neste último caso, porém, Ricardo esclarece que a oferta de instalações adaptadas no Brasil é bem menor. “A acessibilidade por aqui é muito focada na questão do cadeirante. Temos boas opções para deficientes visuais e auditivos em São Paulo, por exemplo, mas os melhores roteiros neste caso ficam mesmo no exterior. A Espanha tem um ótimo trabalho com deficientes visuais, e São Luís de Potosí, no México, tem bons roteiros para deficientes auditivos”, afirma.

Fonte: Terra

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