Uma cirurgia realizada nesta terça-feira (22/09), por um médico brasileiro, no Hospital Maisonneuve-Rosemont, no Canadá, fez com uma pessoa cega voltasse a enxergar. O procedimento que durou cerca de quatro horas, foi concretizada ao som dos sambistas Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz.

O cirurgião, chefe do Departamento de Retina da Universidade de Montreal, Flávio Rezende, implantou um chip na retina de uma mulher de 51 anos. O mecanismo receberá imagens de uma câmera instalada nos óculos da paciente e as enviará ao cérebro.

De acordo com Rezende, a tecnologia está bem no começo, então pode ser feita uma comparação com uma televisão em preto e branco. O especialista explica que para um paciente que não enxergava passar a enxergar mesmo que em preto e branco já é algo maravilhoso, mas, outros avanços estão sendo trabalhados, a exemplo, o software, para tentar imagem em cores. Rezende estima que até 2016, pode ser que os pacientes já consigam enxergar colorido, no entanto, salienta que não é a visão que nós temos, e sim, é uma visão digital, o que faz enxergar pixels.

Segundo a publicação do jornal o Globo, a tecnologia é indicada para pessoas com distrofias que afetam as células receptoras de luz da retina. O chip implantado faz o papel dos fotorreceptores e manda a imagem capturada pela câmera instalada nos óculos que será usado pelo paciente para o cérebro, por meio do nervo óptico. Segundo o médico, para transmitir as informações dos óculos para o chip, a tecnologia utiliza radiofrequência que, é mais estável e menos suscetível às interferências externas como aconteceria no caso do uso de Wifi.

Rezende ressalta que óculos tem uma antena sem fio que se comunica com o olho. Entretanto, para que a tecnologia funcione existem alguns critérios, dentre eles, o nervo óptico deve estar funcionando – depende também do tamanho do olho da pessoa. Ele destaca que cada prótese é customizada para cada paciente, um procedimento realmente artesanal.

Regulado pelo próprio paciente através de um computador de mão, do tamanho de um smartphone, o mecanismo permite que a intensidade da entrada da luz. Outra novidade, é sobre o controle de desligamento do aparelho, que fica a critério do usuário, principalmente durante os momentos de sono.

“É como uma máquina fotográfica, que você controla o diafragma para entrada de luz. Estabelecemos quais os objetivos do paciente. Por exemplo, se o objetivo é conseguir fazer melhor as coisas dentro de casa, então a companhia ajusta de acordo com a quantidade de luz que existe em ambientes internos. Para nós parece uma coisa banal, mas para eles é uma mudança de vida. Os pacientes passam a se locomover pelos cômodos sem bater nas coisas, alguns até conseguem distinguir letras”, enfatiza.

Atualmente, a cirurgia custa em cerca de US$ 170 mil dólares, e já há especulações de ser oferecida futuramente no Brasil. No entanto, para que isso aconteça, a empresa detentora da tecnologia pretende apresentar a proposta à Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, para obter o aval e desenvolver o procedimento no país, segundo informou Rezende.

Fonte: Pessoas com deficiência

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