Integrado na Associação do Porto de Paralisia Cerebral (APPC), o grupo “Era uma vez… Teatro” já produziu ao longo de 18 anos de existência mais de três dezenas de peças, entre as quais a “Estradas de Xadrez”, que hoje, sábado à noite e domingo à tarde, estará em cena na Fundação Escultor José Rodrigues, no Porto.

A partir de “Diário de um louco”, de Nikolai Gógol, a peça centra-se na existência solitária e no amor visceral pela vida e, conforme descreveu à agência Lusa a encenadora Mónica Cunha, o espetáculo fala de causas sociais, do amor, do individualismo, da loucura.

“A grande mensagem que pretendemos passar é que, às vezes, a loucura é a vida, é o nosso dia-a-dia. Às vezes, sem loucura, não conseguimos viver numa sociedade como é a nossa, também louca. Temos de ser todos um bocadinho loucos”, disse Mónica Cunha à Lusa, à margem do ensaio de imprensa, que decorreu esta tarde.

A encenadora trabalha atualmente com um elenco fixo de nove atores, com e sem deficiência, mas a companhia já formou mais de 60 artistas.

A peça “Estradas de Xadrez” é uma criação coletiva, porque “cada personagem deu o seu contributo”, ou seja, os textos acabam por resultar “muito das vivências de cada uma das personagens”, tendo vindo a “amadurecer” ao longo do tempo.

Esta peça estreou-se em outubro, na 14.ª edição do Festival Internacional Extremus que, também no Porto e também com organização da APPC, juntou 13 grupos de teatro, música, dança e `performance`.

Na estreia foi frisado, como grande mensagem, que “não há teatro `especial` nem teatro `inclusivo`. Há teatro”. “E sim, é isso que procuramos mostrar novamente agora. O nosso grande objetivo é o grande público. E estes três dias num local [Fundação Escultor José Rodrigues], que tem um público diversificado, mostram isso”, disse Mónica Cunha.

A cenografia e figurinos são de Marta Silva, o desenho de luz, de Cláudia Luena e o espaço sonoro e multimédia, de Gustavo Alvarim. O elenco é composto por Ariana Sousa, António Carvalho, Patrícia Vitorino, Marta Silva, Inês Almeida, Paulo Fonseca, Paulo Cruz, Nate Sam, Henrique Tavares e Jorge Ribeiro.

O “Era uma vez? Teatro” recebeu, em dezembro de 2015, o prémio internacional de Inclusão Social na Arte, atribuído pela Fundación Anade, de Espanha, um galardão que poderá possibilitar que o “Estradas de Xadrez” faça uma itinerância, também no país vizinho.

A companhia já está a trabalhar numa próxima produção, baseada em textos de Oscar Wilde, e promete abordar a sexualidade, a homossexualidade e a igualdade de género, entre outros temas.

Fonte: rtp

" });