No Brasil, um quinto da população adulta é obesa. São 30 milhões de pessoas, segundo estudo publicado na revista científica Lancet, em 2014, que coloca o país entre os com maior incidência de obesidade no mundo, que pode causar ou ser consequência de doenças. Além dos eventuais problemas de saúde, essa população ainda tem que enfrentar o preconceito – a gordofobia – e uma série de limitações, que poderiam ser corrigidas.

“A gordofobia, basicamente, é a aversão ao corpo gordo. E essa aversão, dentro da nossa sociedade, se dá através do estigma, do preconceito e da discriminação”, explica a empresária Rachel Patrício, em entrevista ao repórter Jô Miyagui, para o Seu Jornal, da TVT. Rachel também mantém o blog Falando sobre Gordofobia, em que trata do tema e combate o preconceito.

Ela detalha também as dificuldades vividas pelas pessoas obesas. “Uma catraca de ônibus que você não consegue passar com tranquilidade, sendo que você pagou a mesma passagem que todos os outros usuários; a dificuldade de conseguir roupas, que também é uma questão de acessibilidade, porque sem roupa você não sai de casa, não arranja trabalho, não faz nada.”

Raquel também destaca que já existem leis que estabelecem uma série de disposições para garantir condições de acesso de obesos a locais públicos, como teatros, cinemas e restaurantes, mas que essas medidas não são fiscalizadas e cumpridas.

Estar com o peso fora do padrão, afirma Raquel, não é um indicativo de estar com o corpo doente. Ela mesma diz que está se sentindo muito bem, mesmo durante a 34ª semana de gestação, à espera do terceiro filho. “As pessoas tendem a entender a obesidade como causa de doenças, em vez de vê-la, em alguns casos, como produto de alguma doença. A diabetes, por exemplo, pode causar obesidade, e não contrário.”

Tatiane Correia, que é jornalista e também milita contra o preconceito, detalha sua experiência. “A mulher gorda não se sente segura quando ela se sente muito julgada. Isso acaba minando a confiança dela. Eu mesma já passei um período de pelo menos seis meses sem botar o pé para fora de casa, de tão desconfortável que me sentia. Isso foi, inclusive, quando parei de tomar medicamento para emagrecer.”

“O corpo de uma pessoa não tem que ser alvo de julgamento. O caráter não é medido pelo número do seu manequim”, diz Tatiane. Ela também escreve artigos contra a gordofobia, e conta que encontrou na dança uma aliada na busca por elevação da autoestima. “Quando você dança com as pessoas, olhando no olho, existe essa troca de confiança. Você se sente mais forte para enfrentar outras coisas, com relação a trabalho, com relação à vida pessoal.”

Fonte: RBA

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