O Milagre de Anne Sullivan. Filme baseado na história real da surdocega Helen Keller.

por | 6 dez, 2017 | Turismo Adaptado | 18 Comentários

O Milagre de Anne Sullivan (The Miracle Worker) é um filme dos Estados Unidos de 1962, do gênero drama biográfico, dirigido por Arthur Penn, e baseado no livro The Story of my Life, de Helen Keller e na peça teatral de William Gibson.

O filme relata a história de uma menina cega. Não só cega, mas muda. E como se não fosse demais, era uma menina surda, muda e cega. O nome dela era é Helen Keller, de sete anos, filha de proprietários de terras. Keller não sabia o que era mundo e não sabia como interpretá-lo, e apesar disso tudo, ela precisava muito se expressar.

O filme é muito complexo, mas ao mesmo tempo é humano demais. Um filme que mostra como o ser humano não está seguro sobre as coisas que a vida pode aprontar. O Milagre de Anne Sullivan é um retrato psicológico, mostra-nos como não sabemos lidar com  com limites físicos e a realidade de um ser humano. O filme é um pouco agressivo no sentido de mostrar as dificuldades de se viver em um mundo silencioso e escuro, como o de Helen, e que não há como ignorar a dor de uma garotinha.

A menina não conhece o mundo à sua volta, mas sabe do que precisa para viver e acaba por se tornar uma tirana em sua casa, já que sua família lhe dava todas as liberdades como uma “inválida”, como achavam que Helen era. A menina tinha o total domínio em sua casa, então, portanto controlava o comportamento de seus familiares; ela não entende como é ser educada e muito menos como escutar um não.

A Helen recebe uma orientação de uma pessoa com suma importância, que é Anne Sullivan, uma professora. Ela é uma mulher que era cega (fez nove cirurgias nos olhos) e usa óculos escuros para proteger-se do sol, acostumada a conviver com cegas e cegos, mas ao se deparar com Helen, entende que ali está o maior desafio da sua vida: o desafio de explicar a uma menina como viver no mundo e como entende-lo, e seu maior objetivo era que todos a tratassem como uma pessoa normal.. Para isto entra em confronto com os pais da menina, que sempre sentiram pena da filha e a mimaram, sem nunca terem lhe ensinado algo nem lhe tratado como qualquer criança.

Ao conhecer Anne, o pai de Helen transpareceu um enorme preconceito dizendo: “… eles esperam que uma cega ensine a outra”. Como explicar a uma menina que terra é a terra? Que fome é vontade de comer? Como mostrar a árvore para uma menina, que não consegue vê-la? Como ensinar a menina comer com garfos e facas, se a menina não sabe nem o que é educação? Como ensinar a menina o que é o amor? São essas as perguntas que Anne se faz durante o filme todo.

A relação que as personagens travam entre si foge completamente da esperada por todos que assistem ao filme: ao contrário de amor e compreensão de imediato, Anne se torna uma megera na vida de Helen. Anne demonstra que a única forma de ensinar Helen a ser gente, é a tirando de seu pedestal, a destronando de seu império, criado pela dó e pena que seus pais tinham, e mostrar o que é a realidade para a garotinha.

A realidade não é bonita. Comer no prato não é fácil, saber indicar as coisas e seus significados é quase impossível. Anne resolve criar um método de comunicação entre elas: o tato seria o alfabeto. O tato serviria como o meio de comunicação, fazendo com que Anne e Helen desenvolvam uma sequência de palavras associadas aos gestos das mãos. O primeiro contato de Helen com o alfabeto no tato em libras foi no momento em que Helen encontra uma boneca na mala de Anne e descobre que ela possui a mesma forma de seu rosto.

Durante anos, Hellen Keller tem comportamento selvagem e indisciplinado. O estimulo da comunicação através de um dos sentidos (tato) com Anne Sullivan a incentiva a utilizar o tato como o elo entre ela e o mundo; desenha palavras na mão da menina a fim de que ela compreenda a relação entre as palavras e seus significados. O tato passa a ser a via pela qual a menina “enxerga” o mundo, até que, em um momento, compreende realmente a linguagem. A partir daí, aprende o alfabeto Braille e aos dez anos começa a falar.

As cenas são definitivamente emocionantes, como por exemplo, quando Helen começar a correr e encostar-se às coisas , perguntando para Anne como era o nome delas, árvore, chão, degrau e professor. Uma das cenas mais lindas.

O filme conta a história da persistente professora do título, contratada para ensinar Hellen que fica surda e cega aos 18 meses de vida.  A força de vontade, vocação e fé de Sullivan é tanta que nada parece ser obstáculo para ela, nem mesmo os próprios pais de Hellen, com quem vive entrando em conflito Em 1904, formou-se com louvor, e foi a primeira aluna cega e surda e terminar um curso universitário.

Enfim, o filme carrega uma mensagem de dor, conquista e apoio que poucos filmes apresentam ter. O milagre de Anne Sullivan é um dos mais bem filmes produzidos e virar as costas para uma obra rara dessas, é, no mínimo, ignorância imperdoável.

“Nunca se deve engatinhar quando o impulso é voar” – Helen Keller

Assista abaixo a versão original lançada em 1962 e em seguida uma refilmagem lançada em 2000

Fonte: Educação especial e inclusiva 

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18 Comentários

  1. sílvia regina de toledo cabral cabral

    Ricardo. Assisti e amei. Valeu. Beijo. Sílvia

  2. Marcelo Pereira

    Tenho a felicidade de ter o filme em DVD em casa e adoraria ter a biografia em livro. A história dela é um exemplo para todos nós.

    • Ricardo Shimosakai

      Não sei se há publicação em português da biografia dela. Seria muito bom ter esse material também em Braille e o filme com audiodescrição.

    • Haroldo

      “A História da Minha Vida” (Ed. José Olympio, 518 p.) traz ao público brasileiro o impressionante relato autobiográfico de Helen Keller (1880-1968), americana que, tendo ficado cega e surda aos 18 meses de idade, em fins do século XIX, conseguiu aprender a ler, escrever e falar, dominar línguas, graduar-se em filosofia e tornar-se escritora reconhecida.
      Com a chegada da professora Anne Sullivan à sua casa, quando Helen Keller tinha pouco menos de sete anos, seu mundo transformou-se: aprendeu a manifestar – através das palavras, até então desconhecidas – seus desejos, seus sentimentos, entendeu regras, aprendeu a criar.
      Uma imensa felicidade, que a tirou do mundo da escuridão em que vivia. http://www.bondfaro.com.br/livros–a-historia-de-minha-vida-helen-keller-8503009781.html#login=true

      • Ricardo Shimosakai

        Por texto ou vídeo, uma bela história para ser conhecida. Valeria até elaborar ima peça teatral e outros meios de comunicação e arte. Quando são histórias baseadas em fatos reais, tem um peso muito maior, do que histórias sensacionalistas e muito lindas até, mas que sabemos que são obras de ficção.

    • Ricardo Shimosakai

      Podemos aprender muito com as experiências de terceiros. E depois de amadurecidos por esse aprendizado, poderemos também ser capazes de ensinar.

  3. jaknaime

    Muito interessante,eu adorei o filme pq se trata de amor e inclusão social .

  4. denis santiago de oliveira

    o mundo ja perdeu muita gente de talento pela ignorancia e falta de tolerancia de poucos, a historia deste filme nos mostra o quanto podemos fazer pelo outro, se cada um fizer um pouquinho teremos um mundo suportavel para se viver

    • Ricardo Shimosakai

      O brasileiro é solidário nas tragédias, mas também existe muito egoismo principalmente nas empresas. Se todos tivessem uma visão de coletivo, teríamos um país melhor. Pensar em todos, e não somente aquilo que se refere à nós diretamente.

  5. Roberto de pliveira

    Onde posso comprar copia do filme ? tem dublado?

  6. Marcelo Pereira

    Maravilhoso filme que tive a felicidade de ver. A atriz que fez Helen no filme original, Patty Duke, morreu no ano passado, não sem antes participar dos famosos seriados Glee e Liv and Maddie.

    • Ricardo Shimosakai

      Que interessante. Obrigado pelo comentário!

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