Um canal de TV francês vai lançar um programa no qual políticos famosos, irreconhecíveis graças a disfarces, vivem situações e dificuldades do cotidiano de cidadãos comuns.

O programa batizado até o momento de “Monsieur et Madame Tout-le-Monde” (senhor e senhora qualquer um, em tradução livre do francês) tem o objetivo de fazer com que os políticos sintam na pele problemas que eles conhecem, geralmente, apenas na teoria, segundo o canal D8.

O elenco reúne personalidades que ocuparam cargos de alto escalão no governo e em instituições políticas.

Perucas, barbas, óculos, maquiagem e roupas diferentes dos habituais ternos e gravatas ou tailleurs tornam essas personalidades dificilmente reconhecíveis.

No total, oito políticos participarão do programa, que será lançado entre janeiro e março do próximo ano.

O ex-ministro dos Transportes Thierry Mariani transforma-se, por exemplo, em um cadeirante que percorre as ruas de Paris e se confronta aos problemas de acessibilidade das pessoas com deficiência física.

“Inicialmente, me propuseram outros papéis, como o de mendigo e de motorista de táxi, mas preferi ser um cadeirante, porque, quando fui ministro, trabalhei em questões de acessibilidade”, disse Mariani, hoje deputado nacional, ao jornal Le Figaro.

O também ex-ministro dos Transportes Dominique Bussereau, que reforçou as regras do código de trânsito, faz um estágio para motoristas que perderam a carteira após uma série de infrações.

Bernard Accoyer, médico otorrino que presidiu o Parlamento francês (a Câmara dos Deputados) entre 2007 e 2012, interpreta o papel de um assistente no serviço de emergência de um hospital.

A senadora socialista Samia Ghali se transformará em uma secretária divorciada, mãe de dois filhos, que tenta encontrar uma moradia com seus baixos recursos financeiros.

O político Julien Dray, ex-porta-voz do partido socialista e um dos fundadores da ONG SOS Racismo, será um professor de colégio.

Polêmica
No entanto, logo após o anúncio do lançamento do programa, políticos criticaram a participação de seus colegas em um reality show.

“Se eles precisam se disfarçar para descobrir a vida real, é porque existe um problema. É uma perversão do debate político”, disse o ex-primeiro-ministro François Fillon.

“Os franceses veem com desprezo esses políticos atraídos pelas câmeras de TV”.

Segundo a socialista Cécile Duflot, ex-ministra da Habitação, é um “erro pensar que ser membro do governo faz com que os políticos fiquem desconectados da realidade”.

Em razão da polêmica, a ex-ministra do Interior e também da Defesa Michelle Alliot-Marie, que chegou a participar de testes para o programa no qual atuaria como uma agente da polícia municipal, desistiu.

“Não é um reality show, mas uma tentativa de aproximar essas pessoas da vida cotidiana. É uma forma de imersão política”, disse o produtor do programa, Olivier Hallé, ao jornal Le Parisien.

Por sua vez, o elenco defende sua participação.

Para Accoyer, ex-presidente do Parlamento, o programa permitiu ter ideias para melhorar os serviços de emergência dos hospitais na França.

O ex-ministro Mariani disse ter refletido bastante antes de aceitar o convite.

“Não é um reality show nem um programa de diversão. O objetivo é descobrir como vivem as pessoas em diferentes situações. Os políticos são acusados de não conhecer a vida das pessoas. Com esse programa, vivemos isso de perto”, declarou.

Já o ex-ministro Bussereau considerou esta uma “experiência enriquecedora”.

Fonte: G1

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