Maceió é a cidade que tem, proporcionalmente, o maior número de quartos adaptados do Brasil. O moderno aeroporto da capital é também o que oferece as melhores condições de acessibilidade dentro das normas técnicas. Some-se a isso a geografia plana de uma cidade litorânea, praias de águas abrigadas por recifes de corais – perfeitas para o mergulho – e ainda piscinas naturais cristalinas que podem ser acessadas em jangadas próprias para transportar cadeirantes. Com o projeto “Praia Acessível”, que oferece atividades adaptadas na orla da Pajuçara, Maceió ganha ainda mais um motivo para entrar na lista de viagens das pessoas com deficiência.

O projeto, lançado em abril deste ano pela Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (Semel) na Praia da Pajuçara, inclui atividades como banho de mar em cadeiras anfíbias, bocha adaptada e stand up padle para cadeirantes, por exemplo. Atualmente, as atividades são oferecidas em datas pré-agendadas pela Prefeitura. O plano, porém, é que a Secretaria Municipal de Promoção do Turismo (Semptur) possa apoiar o programa para que ele seja ampliado na alta temporada. “A ideia é que aquele trecho da praia passe a ser reconhecido permanentemente como um espaço mais estruturado para os turistas especiais”, conta o secretário de Turismo da cidade, Jair Galvão. “Estamos falando não só de pessoas com deficiência, mas de pessoas com mobilidade reduzida de forma geral, como o público da terceira idade, que tem bastante expressividade entre os nossos visitantes”, complementa o dirigente.

De acordo com Jair, ainda há muito trabalho pela frente para garantir estrutura, transporte, alternativas de lazer e profissionais efetivamente capacitados para atender moradores e visitantes com as mais diferentes necessidades. “Mesmo com esses desafios, Maceió já se destaca entre outras capitais nesse segmento. A proposta é que, aos poucos, possamos estar mais preparados para garantir conforto, mobilidade e boas experiências para esses turistas que viajam cada dia mais” reforça.

Para a cadeirante Adriana Braun, que é criadora do “Guia Viajante Especial” (oviajanteespecial.blogspot.com.br) e consultora em políticas de acessibilidade, a cidade de Maceió está em um bom caminho. A especialista já esteve na capital alagoana fazendo uma sensibilização entre hoteleiros do Município e garante que as instalações dos hotéis e pousadas da cidade são um destaque.

“Quando estou planejando uma viagem, eu sempre avalio primeiro os atrativos da cidade que me interessam, como por exemplo, as belezas naturais, mas a hospedagem adaptada é essencial na minha decisão. Afinal, estamos saindo de casa para relaxar e não para superar mais dificuldades dentro de um banheiro”, argumenta Adriana. A diretora executiva da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Alagoas – ABIH-AL -, Tereza Bandeira, explica que o parque hoteleiro de Maceió é um dos mais modernos do Brasil, por isso, 100% dos hotéis associados cumprem a lei nacional em relação à acessibilidade.

Outro diferencial de Maceió apontado por Adriana Broun é o projeto “Jangada Acessível”. “È uma opção de atividade realmente muito interessante”, avalia a consultora. Lançado em 2010, o projeto, que realiza passeios até as Piscinas da Pajuçara, continua sendo a principal atração da cidade para as pessoas com necessidades especiais. De acordo com o arquiteto ergonomista Jorge Luiz Silva, diretor do Instituto de Desenvolvimento da Ergonomia e da Acessibilidade – Idea, que desenvolveu as embarcações, “o objetivo é que todas as pessoas possam desfrutar de lazer com segurança, ergonomia e independência”.

Mais largas que as do modelo tradicional, as jangadas do projeto são capazes de transportar até seis pessoas cada uma, incluindo duas cadeiras de rodas em cada. “Existem no Brasil, mais de 40 milhões de pessoas com pelo menos algum tipo de deficiência que precisam ser incluídas socialmente”, defende o arquiteto.

Para quem quer ir mais além no quesito aventura, uma atividade muito inspiradora em Maceió, especialmente para cadeirantes, é o mergulho autônomo, oferecido pela operadora Let’s Dive.

Segundo a sócia e instrutora de mergulho da empresa, Fernanda Paiva, essa atividade é perfeita porque a água lhes proporciona uma experiência de mobilidade que eles não têm normalmente. “Quando a pessoa está na água, flutuando com a ajuda do equipamento de mergulho, ela se move tranquilamente com liberdade e autonomia, esquece completamente da rotina lá fora, descobre um mundo novo e supera desafios”, conta Fernanda. “Em geral, trabalhar com esse tipo de público é muito gratificante, porque a vivência deles é muito intensa e o retorno totalmente positivo”, emenda a instrutora, que realiza mergulhos de batismo com deficientes e planeja fazer uma capacitação para oferecer cursos profissionalizantes de mergulho para pessoas com diferentes necessidades especiais.

Fonte: Aqui Acontece

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