Fabrício França lê informações sobre os macacos do parque, na trilha com placas com texto em Braille e cordas para facilitar o percurso.Fabrício França lê informações sobre os macacos do parque, na trilha com placas com texto em Braille e cordas para facilitar o percurso.

Uma trilha no Parque Chico Mendes foi adaptada com cordas e placas escritas em Braille para dar acessibilidade aos deficientes visuais, em Rio Branco. Dos 3 km de extensão da pista, 1,5 km foi adaptado com informações sobre a fauna e a flora do local. As placas são encontradas há cada 2 metros durante a caminhada na trilha. O espaço deve ser inaugurado em breve, de acordo com a Secretaria de Turismo e Lazer (Setul).

Nesta quarta-feira (29), um grupo de deficientes visuais esteve presente no local para conhecer os benefícios da adaptação para o acesso dos cegos ao local. A iniciativa é um projeto da Setul, em parceria com a Associação dos Deficientes Visuais (CEADV) e a Prefeitura do município.

“Fizemos uma pesquisa para saber quais pontos turísticos os deficientes gostariam que fossem adaptados para melhorar a vida deles. Entramos em contato com o parque para saber se eles procuravam esse lugar para visitar. Aí, descobrimos que esse lugar era o ideal para receber esse projeto”, explicou a técnica de turismo da Setul, Rita Ramos.

De acordo com Rita, a ideia do projeto existe há mais de dois anos, mas só agora, depois da aprovação da Prefeitura e de passar por licitação, que a secretária conseguiu tirar o projeto do papel. “Tive essa ideia depois de ver alguns projetos do Ministério do Turismo voltados para a acessibilidade dos deficientes visuais. Apresentei a proposta para a secretária e ela aprovou na hora”, revelou.

Ainda de acordo com a técnica, o custo usado para adaptar o espaço saiu menos de R$ 10 mil, porque o material utilizado foi reaproveitado do próprio parque.

“Todo material utilizado aqui foi reaproveitado de algum lugar. As placas usadas para escrever os textos em Braille são placas de raio-X, as cordas também são reaproveitas e a usamos a madeira aqui no parque. Foi tudo muito simples e rápido, mas ainda falta uns detalhes para ficar pronta”, disse.

O aposentado e deficiente visual, Francisco Cleide, visita o parque pela primeira vez e se agradou em saber que existe um espaço adaptado para que possa se locomover com segurança e ainda conhecer mais sobre os atrativos oferecidos.

“Estou gostando muito, é muito bom tem um lugar assim para gente. É mais uma forma para nós interagimos com a sociedade, tem mais experiência. É bem sinalizado e não corremos o risco de cair, se perder ou se machucar”, disse o aposentado.

Deficientes fizeram todo percurso da trilha dentro do parque orientados por cordas-guiaDeficientes fizeram todo percurso da trilha dentro do parque orientados por cordas-guia

Para Fabrício França, membro do Lar dos Deficientes Visuais do Acre (LDVAC), ter acesso às informações do parque através dos textos escritos em Braille nas placas distribuídas pela trilha, é uma nova experiência e uma conquista para os cegos.

“É ótimo. Estava agora mesmo lendo sobre os macacos nessa placa. É uma ótima experiência. Sempre visitei aqui, mas não tinha tanta acessibilidade para gente e hoje já tem isso, é uma conquista pra nós”, explica Fabrício enquanto move os dedos sobre a placa e aprende mais sobre os macacos que pulam na jaula a suas costas.

Professora há mais de 30 anos de orientação e mobilidade da Secretaria de Educação, Vilma Nicácio, explica a importância do lugar para os deficientes.”É um passo para cultura, porque o lazer para eles é muito pouco. Essa é um opção grandiosa para vida deles, é uma forma de inseri-los na sociedade. Para nós é um simples passeio por uma trilha, mas pra eles é uma conquista a mais”, comemorou.

O projeto pretende levar essa acessilibidade para o Sítio Histórico Quixadá, na zona rural de Rio Branco, e o Seringal Cachoeira, próximo a Xapuri (AC).

Fonte: G1

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